quarta-feira, 25 de novembro de 2009

ACADEMIA DE CIÊNCIAS DA CALIFÓRNIA, PARQUE GOLDEN GATE (CALIFÓRINA - USA)

Depois de três anos exilados no centro de São Francisco, na costa oeste dos Estados Unidos, 40 mil animais vivos (de pinguins africanos a pirarucus) e 20 milhões de espécies para pesquisas (incluindo uma coleção de 700 mil borboletas) migraram de volta à Academia de Ciências da Califórnia, no parque Golden Gate. Agora, em vez dos 11 prédios neoclássicos construídos entre 1916 e 1991, foram abrigados sob uma cobertura viva, ondulada, de 10 mil m² projetada pelo arquiteto genovês Renzo Piano.

O museu tem: um aquário, uma reserva verde e um planetário em seu interior, além das diferentes galerias de exposição que se diferenciam das galerias tradicionais pela grande quantidade de luz natural a que são expostas. A sustentabilidade é o forte, é um dos dez projetos pilotos com intenções de obter o selo LEED (Liderança em Energia e Design Ecológicos).
 
O teto feito com plantas nativas, é uma mistura de aproxidamente 1,7 milhões de espécies, além de gerar isolamento térmico, faz com que não seja necessário recorrer a sistemas de ar condicionado. Os vidros são de alta eficiência. Para manter as peças do museu com a percentagem de umidade requerida, foi utilizado sistema de umidade por osmose inversa.


Consumo de água - Absorção e reutilização de equipamento sanitário, que recupera a água da cidade de São Francisco. A água salgada do aquário é levada desde o oceano pacífico.

Materiais de construção reciclados - Todos os materiais de construção foram reciclados e a madeira usada é totalmente certificada. 
Transporte - Grande espaço para o acesso de bicicletas e centros de recarga para carros elétricos. A grande maioria dos materias usados na construção vieram da indústria local, reduzindo as emissões de transporte de materiais.

O uso de materiais reciclados começou na demolição dos prédios existentes: 90% dos escombros foram reutilizados, 9 mil toneladas de entulho na construção de uma estrada e 12 mil toneladas de aço na estrutura do novo prédio. Painéis de isolamento termoacústico (muros) foram feitos com o algodão de jeans reciclados.


Tem 60.000 células fotovoltaicas capazes de entregar 213,000 kw por ano, diminuindo muito as emissões anuais de CO2. As células multi-cristalinas são as mais eficientes do mercado. Sensores nas instalações sanitárias que permitem a utilização conforme cada uso.

As clarabóias estão estratégicamente colocadas de maneira a iluminar a reserva florestal, o aquário e mais de 90% dos espaços têm luz natural e vistas externas. Janelas automáticas abrem e fecham permitindo entrada de ar fresco segundo a temperatura interior. Sensores de luz que se ativam de acordo com a quantidade de luz de sol, otimizando a luz artificial.

Assisti num canal da TV a cabo "Obras Incrivéis" e fiquei impressionada, a cobertura composta por 1,2 mil toneladas de solo e plantas vivas nativas que foi como que recortada e erguida 12 m acima do nível do terreno, Piano acomodou: aquário, planetário, museu de história natural e as quatro amostras de florestas da instituição. A construção forma um volume de paredes transparentes.

Promover em seus frequentadores uma cultura sustentável também fez parte dessa obra, e as providências nesse sentido chegam a detalhes como bicicletário com segurança reforçada e postos de reabastecimento para veículos elétricos no estacionamento.


A Academia de Ciências inaugurada em 1853. Em 1916, mudou-se para o parque Golden Gate, terreno retangular de 4,1 km² onde se expandiu aos poucos com a construção de novos prédios. Em 1989 foi arrasada pelo terremoto de Loma Prieta, a restauração dos antigos edifícios do museu seria inviável (econômica e arquitetonicamente), melhor construir um novo edifício. Seu acervo migrou para o centro de São Francisco em 1995 para que fosse demolida e em seu lugar se construísse o projeto de Piano.



O concurso para a Academia de Ciências fez parte de um programa do departamento ambiental de São Francisco que propunha dez projetos-piloto que servissem de modelo de arquitetura sustentável para espaços públicos. O aquecimento durante os meses frios é feito por piso radiante (reduziu o consumo energético entre 5% e 10%). Baterias de torneiras eletrônicas do banheiro são carregadas por microturbinas que giram com o fluxo da água, descargas são abastecidas pelas galerias pluviais da cidade e a água dos aquários é bombeada diretamente do oceano Pacífico.


"Museus são opacos, fechados. São como um reino da escuridão.
Você não vê onde está. Mas aqui você está no meio de um parque lindo,
então vai querer olhar para fora e saber onde está".