quinta-feira, 16 de agosto de 2012

APARTAMENTO DO MARCHAND JEAN BOGHICI

Conheça a cobertura dúplex do marchand romeno Jean Boghici, em Copacabana (Rio de Janeiro - Brasil), que foi boa parte destuída por um incêndio no dia 13/08/2012.  O apartamento abrigava um acervo de grandes nomes da produção artística do século 20. Outra característica do apartamento, é o mobiliário. Exceto por um banco e uma poltrona de Sergio Rodrigues e uma mesa de apoio de Alvar Aalto, os outros móveis levavam o selo da manufatura de Joaquim Tenreiro (1906-1992), um português que escolheu o Brasil para morar e, criou o conceito do móvel brasileiro.
A área social do andar principal era dividida em duas salas. Na primeira, estava o óleo Samba (de Di Cavalcanti, de 1925), uma tela de 1950 do pai da arte povera, o italiano Alberto Burri, e outra do pai da pop art, Victor Vasarely, um Lucio Fontana amarelo, ambas dos anos 1960. Nesta ala se encontravam ainda três telas dos anos 1920 de Vicente do Rêgo Monteiro: Retrato de Joaquim Monteiro, Cabeça de Mulher e O Carroceiro. Havia também um Milton Dacosta (anos 1940); a escultura em mármore Tocadora de Banjo (Victor Brecheret - 1925); e um ícone de Tenreiro: a cadeira Três Pernas (1947), um sanduíche de imbuia, roxinho, jacarandá, pau-marfim e cabreúva. Na segunda sala, mais Tenreiro. Sobre o piso de parquet em espinha-de-peixe, estava um sofá de jacarandá de quatro lugares apenas dois exemplares foram produzidos pelo designer.
Havia também dois pares de poltronas, um composto pelo modelo Curva (1960), e o outro pela Leve (1950). Os dois troncos maciços que formam a mesa de centro (Tenreiro), serviam de base para dois bronzes: O Casal (Maria Martins - 1940); e O Beijo (Auguste Rodin - 1900). A expressividade das paredes fica por conta de três telas de Antonio Dias (anos 1960); duas telas de Wesley Duke Lee, O Prêmio e O Rapto da Europa, (ambas década de 60); e um tríptico do artista do Grupo Cobra, Corneille,.No jardim das antenas atentas (1966). Havia ainda um “guindaste” do carioca Roberto Magalhães (anos 60), e, coroando o espaço, no teto, um móbile de Alexander Calder (1948).
Forrada com boiserie, a sala de jantar trazia mais Tenreiro: mesa de jantar com tampo de vidro pintado de verde, as cadeiras Estrutural, o bufê e o lustre de cristal. Nas paredes, Cidade Azul, de Antonio Bandeira, um nanquim do japonês Saïto e telas de Antonio Dias. A pintura russa dos anos 1960 se faz presente com obras de Sitnikov, Ilya Glazunov, Oscar Rabin e Lasar Segall, representado pelo óleo O Leitor (1914). O epicentro do jardim de inverno é o conjunto formado pela mesa Oval, com tampo de mármore e suas seis cadeiras de jacarandá e palhinha-da-índia (1960). Na parede, uma tela da Nova Figuração francesa de Bernard Rancillac, Dîner des Collectionneurs de Têtes (1966), trazia vibração ao ambiente.
Em direção à ala íntima, tinham um Trepante e um Bicho (Lygia Clark). No quarto do casal, preciosidades em pequeno formato: Namorados (Milton Dacosta - 1948); o tríptico Natividade (Antonio Bandeira - 1949); Pim Pam Pumde (Cícero Dias - 1928), e Condenação de Usineiros, 1930; e Gato no Rochedo (Xu Beihong - 1938). Na parede ao lado, um Torres García (1931); Carteira de Identidade (Gerchman - 1967); O Sono (Tarsila do Amaral - 1928); e o retrato Menino (Alberto Guignard - 1940).
 



 

 
(Fotos publicada na edição de dezembro de 2011 - revista Casa Vogue) .