domingo, 7 de abril de 2013

SAUDADE - JAIME VAZ BRASIL

Quando a saudade bater
digam que não estou.

Que murchei
que tenho lepra câncer virose grave
escarlatina lombriga
digam qualquer coisa.

Digam que sumi.
Que troquei de nome.
Que morri de fome.

Que roubaram
o que era meu.

Quando a saudade bater
troquem as fechaduras
coloquem grades na porta.

Mudem o número
do casulo. Não moro mais lá.
Agora é um número qualquer.
Um número assim: #$%#*&.
Uma rua qualquer,
uma chave perdida
no bolso da distância.
A saudade que escolha
o endereço.

Aqui não.